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‘Vivenciamos os momentos mais difíceis’, diz Almas sobre a Covid-19

Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, Antônio Almas ponderou que ainda é precipitado dizer se pico foi atingido

Com mais de três mil casos confirmados e 95 óbitos relacionados à Covid-19 em Juiz de Fora, o prefeito Antônio Almas (PSDB) ponderou que não é possível, ainda, dizer se foi atingido o pico da pandemia ou uma estabilização da infecção pelo coronavírus na cidade, como o Estado acredita estar acontecendo em Minas desde 15 de julho. A avaliação foi feita durante transmissão ao vivo pelas redes sociais nesta terça-feira (21).

“Precisamos entender se esses dados, coletados durante um período, podem caracterizar a existência do pico. Se entendermos que aconteceu e que estamos entrando em um processo de platô, para ter uma curva descendente de casos, (significa) que estamos conseguindo vencer o primeiro grave momento. E foi isso que buscamos fazer desde 17 de março. Todas aquelas determinações lá atrás, suspensão de aulas, fechamento do comércio, foram para ‘achatar a curva’. É um vírus de grande transmissibilidade e poderíamos ter uma curva muito reta na sua ascensão, com o sistema de saúde entrando em colapso. Se os dados apontarem que estamos passando pelo pico, estamos em uma situação mais favorável, porque conseguimos fazer o achatamento da curva. Mas para afirmar categoricamente que passamos pelo pico no dia 15, ainda precisamos de dados epidemiológicos importantes. Acho que estamos vivenciando os momentos mais difíceis.”

O prefeito reforçou a necessidade de ficar em casa para conter o avanço do coronavírus. “Hoje estamos batendo em 50,5% de isolamento. Vamos retomar lá atrás, os estudos feitos pela UFJF, que foram construindo cenários. Nas primeiras leituras, em um cenário que tivesse dado tudo certo, com isolamento social em torno de 60%, 70% e adesão em massa das pessoas ao uso máscaras, no dia 25 de junho chegaríamos a 3.125 casos de infectados. Estamos em julho e conseguimos ter um cenário semelhante a esse. Obviamente gostaria que estivéssemos abaixo de dois mil infectados.”

Segundo o prefeito, as previsões são complicadas porque sempre há o fator humano. “Foram as pessoas que se sentiram cansadas de ficar em casa e desmotivadas a cumprir regramentos sanitários. Não foi flexibilização feita pela Prefeitura, mas pelo cidadão de Juiz de Fora”, reiterou. “Gostaria muito de, ao invés de termos 95 pessoas que perderam a vida, estivéssemos falando em cinco ou nenhuma. Não temos certeza que estamos passando pelo pico, mas o maior objetivo era passar por esse momento difícil sem o colapso do sistema. Até aqui não tivemos nas nossas unidades de saúde nenhuma pessoa portadora de Covid-19 que ficou desassistida.”

O prefeito lembrou ter conseguido ampliar de 108 para 175 os leitos de UTI do SUS. “Ainda temos dificuldade para comprar EPIs e estamos até hoje buscando comprar ventiladores mecânicos para termos mais segurança. O mercado está difícil. Buscamos inclusive já estabelecer contratos de segurança com leitos da iniciativa privada, para que, se for necessário, possamos ter. Sabíamos todos que não passaríamos por isso da forma como desejaríamos, mas estamos passando da forma possível, que é, até aqui, não ter convivido com o colapso do sistema. Hoje temos em torno de 79% de ocupação dos leitos de UTI, está muito alto ainda. Temos que continuar trabalhando.”

Almas justificou que os casos de pacientes curados são mais tecnicamente difíceis de serem publicados diariamente, por isso são disponibilizados uma vez por semana. “Queremos dar o máximo de transparência dos dados para as pessoas fazerem seu julgamento próprio. Tivemos 2.088 casos documentalmente curados até quarta-feira passada.”

Onda branca

Questionado sobre a evolução para a onda branca em um momento de ascensão dos casos da Covid no município, o prefeito enfatizou que Juiz de Fora não aderiu à onda branca, mas ao programa estadual Minas Consciente, que prevê a retomada gradual das atividades, nesta fase incluindo autoescolas, imobiliárias e escritórios, entre outros. “Inclusive já existem decisões judiciais que obrigam os municípios mineiros a fazerem adesão ao Minas Consciente ou a manterem as orientações da Deliberação 17, com suas modificações posteriores.” Almas reiterou que o Minas Consciente contempla a discussão de todo esse processo de enfrentamento à Covid-19 de forma regionalizada. “Juiz de Fora é sede de micro e macrorregião sanitárias e existem implicações que tornam importantes ações regionalizadas.”

Na visão do chefe do Executivo, o que a onda branca agrega na expansão das atividades não interfere diretamente nos índices de contaminação. “Do ponto de vista prático, o que põe em risco a nossa segurança não é avançar na onda branca, mas o que já vem acontecendo há 45, 60 dias: a volta das pessoas para as ruas. São os índices de isolamento que estão caindo.” Ele lembrou que na semana de 13 a 18 de abril a taxa de isolamento social girava em torno de 57%. “Hoje é da ordem de 48% a 51% no máximo. O que está fazendo aumentar o nosso risco é a nossa ida para a rua. E isso não foi flexibilização da Prefeitura. As pessoas que flexibilizaram.”

Sobre as ações de fiscalização, Almas garantiu que têm sido amplas, dentro da viabilidade, inclusive várias delas com risco à integridade física dos fiscais. “Com a quantidade de funcionários que temos não é possível manter o cumprimento em todas as regiões da cidade. Precisamos chamar a responsabilidade de todos. Depende de cada um de nós manter uma melhor condução desse processo. Se já não consegue ficar em casa, mantenha o distanciamento, utilize máscaras, redobre os cuidados de higiene, lave as mãos e use álcool gel.”

O prefeito observou que, mesmo dentro da restrição imposta pela onda branca, se os números diários indicarem necessidade, poderá haver retrocesso ou outra medida mais restritiva. “Mas não faremos qualquer avanço fora dessa discussão regionalizada.” Apesar das críticas ao programa, ele assegurou não haver possibilidade de saída do Minas Consciente. “Pelo contrário. Precisamos continuar fazendo as discussões macrorregionais, construindo esse caminho, que entendemos ser a forma mais correta para continuarmos avançando.”

Testagem

O prefeito falou também sobre as dificuldades enfrentadas para realizar testagens em massa. Segundo ele, no setor público, além do laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), o credenciamento de dois laboratórios da UFJF permitiu aumentar o número de testes e dar agilidade aos resultados, mas a Prefeitura busca viabilizar ainda mais exames. “Quanto mais, melhor, para entendermos o que está acontecendo, mas não tem sido simples.”

Ele disse ainda não ter sido possível fazer a média de testagem na cidade, porque não existia obrigatoriedade de os laboratórios particulares informarem a quantidade de exames realizados, mas apenas os resultados positivos. Portaria recente, do dia 17 de julho, passou a exigir que essas informações sejam repassadas às secretarias municipais de saúde. Interpelado pela Tribuna sobre a testagem dos profissionais da saúde, Almas comentou que essa população “é prioridade e que todo esforço tem sido feito”.

Almas voltou a enfatizar que não há previsão de hospital de campanha, porque não é considerado necessário diante dos cerca de 400 leitos de enfermaria disponíveis na rede hospitalar.

Transporte e educação

Temas como transporte e educação também foram tratados pelo prefeito durante a transmissão ao vivo desta terça pelas redes sociais. O dia foi marcado por nova paralisação dos trabalhadores do transporte coletivo urbano, o que esquentou ainda mais o assunto. Inquirido se haverá mais oferta de ônibus com o avançar da onda branca do programa estadual Minas Consciente, Almas disse que a Prefeitura tem monitorado, diariamente, a quantidade de usuários que tem utilizado o serviço. “Toda vez que esse número ganha alguma dimensão, determinamos que as empresas refaçam seus horários e aumentem os carros circulantes.” Para ele, há momentos em que o número de passageiros ultrapassa o desejado.

Entre os questionamentos feitos ao prefeito também esteve o acordo entre Prefeitura e Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro/JF) para a manutenção de, aproximadamente, 2.800 contratos temporários do magistério municipal durante o mês de julho. “Entendemos a importância da educação para a transformação de qualquer sociedade”, disse ele, detalhando todo o imbróglio que envolveu o processo para garantia dos empregos.

 

Fonte: Tribuna de Minas

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