Paralisação nacional é contra redução de benefícios no acordo coletivo da categoria, possível privatização da estatal e melhores condições de trabalho durante a pandemia da Covid-19. Veja quais agências estão paralisadas em Juiz de Fora, Muriaé, Barbacena, Leopoldina e São João del Rei.
Os trabalhadores dos Correios nas cidades da Zona da Mata e Campo das Vertentes seguem sem trabalhar nesta quarta-feira (19), após adesão a greve nacional da categoria na noite de segunda-feira (17). A informação foi confirmada ao G1 pelo Sindicato dos Trabalhadores nos Correios em Juiz de Fora (Sintect/JFA), que atende mais de 120 cidades das regiões.
A paralisação foi convocada pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect), após uma proposta de acordo coletivo da categoria em que 70 cláusulas sobre benefícios dos trabalhadores seriam cortadas.
Segundo a entidade, isso significa a redução ou diminuição de benefícios como 30% de adicional de risco, plano de saúde, vale alimentação e auxílio creche, entre outros. Além disso, os trabalhadores também protestam contra a possível privatização da empresa estatal.
Em último balanço divulgado pelos Correios na terça-feira (18), a estatal informou que “83% do efetivo total dos Correios no Brasil está trabalhando regularmente”. O sindicato contestou essa informação, assim como a Federação Nacional.
Agências afetadas
Ao G1, o Sintect avaliou que a “greve segue forte e com muita adesão” nos municípios da região e que aproximadamente 98% do operacional está parado nas agências e em algumas unidades esse número chega a 100%.
Em Juiz de Fora, estão paralisados os centros de Distribuição Domiciliar (CDD), da Rua Marechal Deodoro e Rua Halfeld, no Centro; o de Santa Terezinha, a agência no Independência Shopping e a agência central, na Rua Espírito Santo.
Em Barbacena, aderiram a greve o CDD e agências nos bairros Boa Morte, Pontilhão e Santa Efigênia. Em Carandaí e Leopoldina, a greve afetou as unidades localizadas na região central dos municípios.
Em Muriaé, foi afetado o CDD, a agência do Centro e a unidade da Barra. Em São João del Rei, o centro da Colônia do Marçal também segue parado, assim como algumas unidades dos Correios. Outras cidades, como Ubá, Santos Dumont, Visconde do Rio Branco, Além Paraíba e Astolfo Dutra também foram afetadas no funcionamento dos centros de distribuição e das agências.
O que dizem os Correios
Em nota, os Correios informaram que “a paralisação parcial dos empregados dos Correios, iniciada nesta segunda-feira pelas representações sindicais da categoria, não afeta os serviços de atendimento da estatal”. Veja abaixo a íntegra da nota.
Sobre o funcionamento, a companhia informou que rede de atendimento dos Correios está aberta em todo o país e os serviços, inclusive SEDEX e PAC, continuam sendo postados e entregues em todos os municípios. Para mais informações, os clientes podem entrar em contato pelo telefone 0800 725 0100 ou pelo site.
“A empresa já colocou em prática seu Plano de Continuidade de Negócios para minimizar os impactos à população. Medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas.
Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
Conforme amplamente divulgado, a diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.
Diversas comunicações inverídicas e descontextualizadas foram veiculadas, com o intuito apenas de provocar confusão nos empregados acerca dos termos da proposta. À empresa, coube trazer as reais informações ao seu efetivo: nenhum direito foi retirado, apenas foram adequados os benefícios que extrapolavam a CLT e outras legislações, de modo a alinhar a estatal ao que é praticado no mercado.
Os trabalhadores continuam tendo acesso ao benefício do Auxílio-creche, para dependentes com até 5 anos de idade. Os tíquetes refeição e alimentação também continuam sendo pagos, conforme previsto na legislação que rege o tema, sendo as quantidades adequadas aos dias úteis no mês, de acordo com a jornada de cada empregado: 22 tíquetes para quem trabalha de segunda a sexta-feira e 26 tíquetes para os empregados que trabalham inclusive aos sábados ou domingos.
Estão mantidos ainda – aos empregados das áreas de Distribuição/Coleta, Tratamento e Atendimento -, os respectivos adicionais.
Vale ressaltar que, dentre as medidas adotadas para proteger o efetivo durante a pandemia, a empresa redirecionou empregados classificados como grupo de risco para o trabalho remoto – bem como aqueles que coabitam com pessoas nessas condições –, sem qualquer perda salarial.
Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.
É importante lembrar que um movimento paredista agrava ainda mais a debilitada situação econômica da estatal. Diante deste cenário, a instituição confia no compromisso e responsabilidade de seus empregados com a sociedade e com o país, para trazer o mínimo de prejuízo possível para a população, especialmente neste momento de pandemia, em que a atuação dos Correios é ainda mais essencial para o Brasil.”
Fonte: G1 Zona da Mata