Em menos de um dia, município registrou 76,5% das chuvas previstas para fevereiro, causando deslizamentos e alagamentos
A cidade de Muriaé, na Zona da Mata de Minas Gerais, voltou a sofrer com novo temporal que atingiu o município entre quinta (27) e sexta-feira (28). Com chuvas que iniciaram no final da tarde de quinta e prosseguiram até a madrugada desta sexta, a cidade registrou diversos pontos de alagamentos, além de quedas de muros e deslizamentos de talude, conforme informações do Corpo de Bombeiros. Com a possibilidade de novas chuvas durante o final de semana, a Defesa Civil orienta a população ribeirinha que permaneça em situação de alerta com relação ao nível dos rios.
Segundo o tenente Jorge Dornelas, do Corpo de Bombeiros de Muriaé, a corporação recebeu dezenas de chamadas durante um período de aproximadamente 12 horas, a partir das 17h de quinta-feira, quando teve início o temporal. Deslizamentos de encostas e taludes, pessoas ilhadas em locais de alagamento, quedas de árvores e enxurradas foram registrados pelos Bombeiros durante os trabalhos. “Vários locais solicitaram a nossa presença por dificuldade no fluxo de veículos, por deslizamentos ou quedas de árvores. Também fizemos orientações por telefone referentes a outras ocorrências que chegaram a nós”, relata Dornelas.
Conforme a Defesa Civil, os bairros mais atingidos pelas chuvas foram: São José, José Cirilo, Barra, Santana e Napoleão. A região central de Muriaé, por sua vez, sofreu com pontos de alagamentos. Apesar das diversas ocorrências registradas durante o temporal, não houve nenhuma vítima fatal ou pessoas desalojadas. “As notificações mais significativas foram todas de deslizamentos de massas. Nenhuma residência foi interditada durante a nossa vistoria. As vistorias de imóveis que deslizaram parcialmente foram de residências que já estavam interditadas desde 2012”, afirma o agente da Defesa Civil Raphael Anselmo, se referindo a duas casas que cederam na Rua Santa Maria, no Bairro Safira.
Na manhã desta sexta-feira, as chuvas deram trégua no município, mas a possibilidade de novas pancadas nos próximos dias preocupa pelo alto nível do rio Muriaé, que passa pela cidade. A situação inspira cuidado da Defesa Civil, sobretudo com a população ribeirinha, que deve permanecer em alerta. “As pessoas de áreas ribeirinhas, ao observarem o aumento do nível dos rios, não devem permanecer nos imóveis. Já foram passadas as orientações sobre a possibilidade de cheia dos rios, para subir as coisas, se possível, e que saia do imóvel, se for necessário”, adverte Anselmo.
76,5% das chuvas previstas para o mês
Entre o final da tarde de quinta e o início da manhã desta sexta-feira, choveu 119,4 milímetros em Muriaé. O acumulado representa 76,5% das chuvas previstas para todo o mês de fevereiro, de acordo com dados históricos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Ainda no início da tarde de quinta-feira, a Defesa Civil havia emitido um sinal de alerta para a população do município da Zona da Mata, com previsão de chuvas intensas entre 70 e 100 milímetros para as horas seguintes, prévia superada pelo temporal que atingiu a cidade. Conforme o Inmet, o tempo chuvoso deve permanecer em Muriaé até, ao menos, a próxima quarta-feira (4).
Tremores de terras
Causadores de preocupação da população ao longo da última semana, os tremores de terras sentidos por muriaeenses entre o último dia 21 e a última terça-feira (3) não foram novamente registrados desde então. “Em contato com geólogos, foi nos informado que os tremores são normais de acontecer após intensas chuvas. Em janeiro e em fevereiro choveu bastante em Muriaé, e isso fez com que o solo se precipitasse, enchesse de água e agora está havendo acomodações”, justifica o Tenente do Corpo de Bombeiros Jorge Dornelas. Conforme Dornelas, a teoria ainda carece de análise aprofundada de um centro de acompanhamento sismológico para uma resposta definitiva sobre o motivo dos abalos, os quais não causaram prejuízos à população.
Afetados por chuvas podem realizar saque do FGTS
A partir desta sexta-feira, os moradores de Muriaé afetados pelas enchentes dos dois primeiros meses de 2020 podem solicitar o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O procedimento é realizado por meio do aplicativo FGTS da Caixa, sendo necessário documento de identificação pessoal, Carteira de Trabalho, número do PIS/Pasep e comprovante de residência (água, luz telefone, IPTU, IPVA, entre outros) – emitido nos 120 dias anteriores a 24 de janeiro, quando foi registrada a primeira enchente ano na cidade neste ano.
Fonte: Tribuna de Minas