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Policial militar da reserva morre com suspeita de intoxicação

Resultado de biópsia renal sugeriu contaminação por “dimetil glicol”, e Vigilância Sanitária recolheu duas amostras de cerveja

A Polícia Civil investiga a morte de um policial militar da reserva, de 61 anos, que faleceu na noite de quinta-feira (27), após ficar duas semanas internado no CTI do Hospital Albert Sabin com complicações renais e suspeita de intoxicação. Segundo boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, uma biópsia renal realizada ainda durante a internação do policial sugeriu contaminação pela substância química “dimetil glicol”. No último dia 20, a Vigilância Sanitária foi acionada e recolheu duas latas de cerveja que teriam sido compradas pelo policial junto com as outras duas que foram consumidas por ele no dia 7 deste mês, na véspera de apresentar as primeiras indisposições físicas. O resultado do laudo e a marca da bebida, no entanto, ainda não foram divulgados oficialmente.

A assessoria de comunicação do hospital informou não poder dar detalhes do que teria causado a morte do policial. “O Hospital Albert Sabin, respaldado pela Lei Geral de Proteção de Dados, se reserva no direito de não se pronunciar em relação ao caso clínico do paciente (…). No momento, podemos confirmar apenas que o paciente veio a óbito na noite de quinta-feira, 27 de maio de 2021.”

De acordo com o registro policial, a esposa do policial relatou que, no dia 7 de maio, ele havia almoçado dois pratos de feijoada em um restaurante da região central. Na noite do mesmo dia, o militar levou quatro latas de cerveja para casa e consumiu duas delas. A mulher, no entanto, não soube precisar se ele havia bebido outras cervejas antes de chegar à residência. Já no dia seguinte, o homem acordou indisposto, dizendo estar se sentindo “empanzinado”. Na madrugada do dia 9, ele passou muito mal e procurou atendimento médico, sendo atendido e liberado com “quadro característico de intoxicação alimentar”.

Ainda conforme o relato da esposa, o policial permaneceu com dores abdominais, se alimentando pouco e ingerindo muita água. No dia 13, ele teria ficado com a “boca torta” e se contorcido de dor. Desta vez, ao chegar ao hospital, foi diretamente para o CTI. No dia 20, a mulher foi comunicada sobre a gravidade do caso, diante do resultado da biópsia renal, que sugeriu envenenamento por “dimetil glicol”. A substância pode ser utilizada no processo de resfriamento de cerveja, durante seu processo de fabricação. A esposa acrescentou aos militares que a Vigilância Sanitária foi até sua residência e recolheu as duas latas de cerveja restantes daquelas quatro levadas para casa pela vítima.

Segundo o boletim de ocorrência, quando o paciente retornou ao hospital no dia 13, ele já apresentava quadro de insuficiência renal e vômitos. No CTI, ele foi submetido a hemodiálise, sendo entubado no dia seguinte. Conforme a PM, os médicos disseram não poderem precisar a forma como a substância tóxica havia entrado no organismo do paciente e nem a sua origem. O boletim de ocorrência foi registrado na manhã do dia 27, quando o policial já não respondia mais às funções cerebrais.

A assessoria da Polícia Civil informou que o caso foi encaminhado à 6ª Delegacia, onde um procedimento investigativo para apurar o fato será instaurado pela delegada responsável, Mariana Veiga. “Entre os trabalhos investigativos, também será aguardado o laudo de necropsia para determinar a causa da morte. Mais informações serão repassadas em momento oportuno.”

Apesar das poucas informações divulgadas até o momento, há algumas semelhanças com o quadro clínico apresentado pelo policial militar da reserva com o das vítimas de contaminação por cervejas da Backer. Em janeiro do ano passado, a Polícia Civil começou a investigar a internação de vários consumidores que haviam tomado a cerveja Belorizontina, da marca mineira, e apresentado sintomas de intoxicação posteriores. A maioria desenvolveu a chamada síndrome nefroneural. Além dos problemas nos rins, alguns apresentaram sintomas como cegueira e paralisação facial. Ao todo, a denúncia do Ministério Público contabilizou 26 vítimas, que tiveram comprovação da intoxicação por exames do Instituto de Criminalística. As perícias na fábrica comprovaram a contaminação de cervejas com duas substâncias químicas, o monoetilenoglicol e o dietilenoglicol.

Análise
Em nota enviada à Tribuna, o Departamento de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz Fora (PJF) informou que, “a pedido do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais, recolheu e enviou para análise alimento suspeito, que pode estar relacionado a caso grave de intoxicação alimentar. O material recolhido está sendo analisado na Fundação Ezequiel Dias (Funed) e o caso segue em investigação”. Ainda conforme o texto, o resultado do exame será divulgado assim que for liberado.

Fonte: Tribuna de Minas

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