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Supermercados de JF suspendem venda de cerveja, mas especialistas afirmam que não há motivo de alerta

Supermercados de JF suspendem venda de cerveja, mas especialistas afirmam que não há motivo de alerta

À Tribuna, estabelecimentos que comercializam a cerveja Belorizontina afirmaram seguir orientação da Associação Mineira de Supermercados

Após a divulgação de laudo da Polícia Civil que identificou a presença de dietilenoglicol em amostras dos lotes L1 1348 e L2 1248 da cerveja Belorizontina, consumida por pessoas que apresentaram síndrome nefroneural, a orientação das autoridades de Saúde é que os consumidores não façam uso da bebida, cujos lotes começaram a ser retirados de circulação. Fabricada pela Cervejaria Backer, de Belo Horizonte, a cerveja também é comercializada em alguns supermercados de Juiz de Fora, que, procurados pela Tribuna, informaram que estão seguindo a orientação da Associação Mineira de Supermercados (Amis). Em nota, a associação informou que, “por medida de segurança, os supermercados do estado devem fazer a retirada dos lotes da marca Belorizontina que estão sob investigação até que os fatos sejam devidamente apurados.”

Todas as redes de supermercados contatadas pela Tribuna afirmaram que aguardam o resultado da investigação e que seguiram as orientações de suspensão da venda do produto. O Carrefour informou que assim que tomou conhecimento dos casos supostamente envolvendo a Cerveja Backer, retirou todos os produtos da marca de circulação das suas lojas (Carrefour e Atacadão), seguindo a recomendação do órgão regulador local. O Grupo Bahamas afirmou que não comercializa a cerveja em suas lojas. O Supermercado BH informou que não trabalha com a marca há algum tempo e que não tem unidades do produto em sua loja em Juiz de Fora. A Rede Supermais também disse estar seguindo orientações dos órgãos de vigilância e que também fez a retirada do produto de suas lojas. Além dessas redes, o Bretas também foi contatado pela equipe, mas não enviou resposta até a publicação desta matéria.

Também procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que não recebeu orientações da SES para recolher a cerveja em Juiz de Fora, mas o Departamento de Vigilância Sanitária do município vai receber garrafas pertencentes aos lotes em que houve constatação da presença de dietilenoglicol que tiverem sido compradas por juiz-foranos.

Especialistas reafirmam que não há motivo para pânico
O sommelier de cerveja e engenheiro de qualidade da Cervejaria São Bartolomeu, Matheus Ramos de Araújo, afirma que desconhece, em Juiz de Fora, locais de produção de cerveja artesanal nos quais a substância dietilenoglicol é utilizada. Além disso, ele explica que essa substância não entra em contato com a cerveja durante o período de produção. “Só se houver algum acidente e ele for imperceptível, pois, apesar de o dietilenoglicol ser inodoro, causaria alteração na bebida”, avalia, destacando que no processo de produção da cerveja é impossível que esse contato seja feito sem a percepção dos profissionais que trabalham na cervejaria, porque haveria um vazamento.

“Hoje, no cenário de Juiz de Fora, com toda a certeza existe segurança. Mas é preciso ressaltar que em todo o processo de produção existe o risco de contaminação”, afirma. Conforme ele, esse processo é seguro e segue diversos padrões rígidos de qualidade e de segurança alimentar. “É preciso ressaltar que essa substância não é um insumo da cerveja e é utilizada para a sua refrigeração. Não vai em contato com a cerveja que é consumida pelas pessoas.”

A jornalista especializada no segmento cervejeiro e apresentadora do programa “Cerveja Fora do Óbvio”, exibido pela TMTV, Mari Pena, pondera que o dietilenoglicol é uma substância anticongelante utilizada na indústria para fabricação de congeladores, freezeres e refrigeradores, além de ser um dos principais ativos de radiodor de carros. Em relação ao caso envolvendo a cerveja, ela considera que uma das principais questões é saber como o dietilenoglicol foi parar dentro da cerveja. “As investigações ainda não conseguiram responder como isso aconteceu, já que a Backer alegou que não faz uso dessa substância”, salienta.

A jornalista lembra que Juiz de Fora se tornou um polo cervejeiro e só fica atrás de Belo Horizonte em termos de produção e de consumo de cerveja. A profissional afirma que não possui números a respeito da quantidade de litros produzidos e consumidos na cidade por mês, mas lembra que já produziu um documentário intitulado “Além do malte: cultura cervejeira e história em Juiz de Fora”, gravado entre 2015 e 2017, percorrendo todas as cervejarias do município. “Constatamos que a cidade tem mais de cem cervejeiros entre robistas, profissionais e caseiros e cerca de 18 cervejarias que são certificadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Mas a questão da litragem produzida por mês varia muito, pois envolvem outras questões como escoamento e época do ano.”

Mari alerta que é preciso se atentar aos fatos e tentar entender o que está acontecendo. “A cerveja artesanal é uma bebida que faz parte da nossa cultura juiz-forana e é uma bebida segura. Então é necessário saber de onde veio essa contaminação, mas não há necessidade de pânico”.
A União das Cervejarias da Zona da Mata (Unicerva) informou que a situação está sendo estudada e irá se manifestar em breve por meio de nota a respeito do caso.

Fonte: Tribuna de Minas

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