Órgão atingiu 70 chamados nesta quarta; cidade registrou pontos de alagamentos em vários pontos
As fortes pancadas de chuva que atingiram Juiz de Fora, nesta terça-feira (3), provocaram o transbordamento do Rio Paraibuna na altura do Bairro Industrial, na Zona Norte da cidade. Casas foram atingidas, e o Acesso Norte ficou com o trânsito parado no início da noite, uma vez que os veículos não conseguiam atravessar o trecho nos dois sentidos.
Segundo a Defesa Civil, até por volta das 19h, 68 ocorrências foram registradas pela pasta, todas sem gravidade. Dentre os chamados, funcionários do órgão atuaram em desabamento de casa, escorregamentos de talude, infiltrações e queda de muro. A situação levou o prefeito Antônio Almas (PSDB) a transferir seu gabinete para a sede da Defesa Civil, no final da tarde. Segundo pluviômetros do 5º Distrito de Meteorologia, instalados do Campus da UFJF, somente entre 15h e 18h, houve acumulado de 40 milímetros. Até 18h, o acumulado do dia era de 67 milímetros. Conforme a Defesa Civil, o nível do Rio Paraibuna era de 2,77 metros durante a tarde e, por volta das 18h, já atingia 3,07 metros.
Prefeito Antônio Almas acompanha situação na sede da Defesa Civil (Foto: Defesa Civil/Divulgação)
Morador do Bairro Industrial há 20 anos, o metalúrgico Antônio Carlos de Toledo, 50 anos, relata que os alagamentos são comuns na localidade.
“Toda vez que chove é isso. Alguns moradores precisam sair daqui e ir para casa de parentes.”A chuva deixou várias ruas do bairro debaixo d’água. “A vizinhança se une para ajudar uns aos outros porque, infelizmente, sabemos que, se chove mais forte, vai ter enchente.”
No início da noite, por volta de 18h30, condutores e pedestres enfrentaram tráfego caótico na Região Norte devido a alagamentos e queda de encostas. Uma das situações mais críticas foi observada no Acesso Norte. O Rio Paraibuna transbordou, e as águas invadiram a pista. Na altura do Bairro Araújo, próximo ao Acesso Norte, a inundação chamou a atenção de moradores.
Os veículos que tentaram atravessar o trecho tiveram muita dificuldade, sendo que alguns não conseguiram completar o percurso e ficaram parados em meio às águas. Os motoristas receberam ajuda de populares. “O pessoal sempre ajuda porque sabe o risco dessa situação”, relata o aposentado Paulo de Oliveira, 68. “Moro no Bairro Industrial desde 1992, e já vi muitos alagamentos. A água não chegou na minha casa, então, vim para rua para ver como está a movimentação, ver o que os amigos precisam. Já tem muita gente subindo os móveis para evitar prejuízo e alguns até saindo de casa.”
As altas precipitações alagaram vários pontos da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, sobretudo sentido Zona Norte/Centro, na altura do Bairro Benfica, tornando o trânsito complicado, de acordo com os condutores que enfrentaram o trecho. Os alagamentos limitaram o tráfego a meia pista em determinados pontos, e, em outros, inviabilizaram a passagem de veículos. Já entre os bairros Benfica e Barreira do Triunfo, a encosta cedeu em três diferentes pontos, cobrindo parte do asfalto com lama e obrigando os condutores a ter cautela.
Nível do rio era de 3,07 metros no fim da tarde desta quarta-feira (Foto: Fernando Priamo)
Distrito Industrial
Ainda na Zona Norte, vias do Distrito Industrial também ficaram completamente tomadas pela água em alguns pontos, como na Rua Fernando Lamarca, os bueiros entupidos impediam o escoamento da água. Nas ruas do bairro, que apresentam problemas asfálticos há algum tempo, a água encobre os muitos buracos existentes nas pistas, causando dificuldades para os motoristas que passam pelo local. A situação do bairro, que é acompanhada pela Tribuna, é fonte de preocupação para mais de 80 empresas instaladas na localidade.
Casa cai no Grajaú, e barranco soterra veículo
Na Rua Rosa Sffeir, no Bairro Grajaú, Zona Sudeste, uma casa caiu, mas, de acordo com a Defesa Civil, a família não estava no local, pois dias antes o órgão já tinha orientado os moradores a deixarem o local. Na Rua José Eutrópio, no Bairro Santa Terezinha, Zona Nordeste, durante o período da tarde, a moradora Silvana Lima de Oliveira relatou que, devido às chuvas, a água começou a voltar pelos bueiros, e o trânsito na via ficou congestionado. Agentes da Settra foram deslocados para monitorar a situação da ponte Domingos Alves Ferreira, conhecida como ponte vermelha, também no Santa Terezinha.
Conforme o Corpo de Bombeiros, três pontos de deslizamento foram registrados ao longo da tarde. Um, na Rua Gabriel Rodrigues, no Bairro Santa Cecília, na Zonal Sul, onde parte de barranco cedeu, soterrando um veículo e um poste com a fiação. Houve ainda obstrução de pista na Rua Sebastião Costa, no Bairro São Benedito, Zona Leste. A corporação também atendeu um chamado na Rua Francisco Altomar, no Santa Luzia, Zona Sul, onde imóveis precisaram ser parcialmente interditados. Três famílias foram orientadas a não pernoitar no local, e o proprietário de uma lanchonete também foi orientado a fechar o estabelecimento. Defesa Civil e Settra foram acionados para comparecerem ao local. No Cerâmica, Zona Norte, duas idosas precisaram ser resgatadas em um bote pelos bombeiros. Em outros pontos, houve registro de alagamentos, como na Rua Mariano Procópio, no bairro homônimo, e no Nova Era. Leitores da Tribuna relataram também transbordamento do Córregos São Pedro, no Democrata.
Rua Mariano Procópio foi uma das ruas com alagamento (Foto: Leonardo Costa)
Zona Rural
A Defesa Civil informou, no período da noite, que as estradas de terra ficaram intransitáveis, e as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Rosário de Minas, Pirapetinga, Toledos e Sarandira não teriam condições de funcionar nesta quarta-feira (4).