Segundo Carlos Eduardo Amaral, dificuldade para adquirir testes exige cautela do Governo estadual
Em coletiva nesta segunda-feira (11), o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, afirmou que ainda não é o momento ideal para testagem em larga escala de pacientes para o novo coronavírus em Minas Gerais. Mesmo com mais de cem mil casos suspeitos, conforme os últimos informativos da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), as dificuldades logísticas e o contexto de disputa em escala global pela compra de testes faz com que o Governo estadual estude o momento ideal para aumentar o volume de testagens.
Atualmente, o Governo de Minas prioriza os testes para quatro grupos: pessoas internadas, profissionais da saúde, detentos em unidades prisionais mineiras e asilados. As limitações fazem com que Minas Gerais seja, até o momento, o quarto estado brasileiro com menos testes realizados, conforme matéria divulgada pelo jornal Estado de Minas. Segundo o secretário Carlos Eduardo Amaral, o cenário ideal seria a testagem de toda a população mineira, mas, com as barreiras para compra de testes, é necessário estudar a situação. “Teríamos que fazer cem mil testes, o que não é fácil, porque, além da logística, tem dificuldades em comprar os testes, já que há um desabastecimento natural no país”, destaca.
Na avaliação do secretário, o número de casos suspeitos é relativamente baixo, já que representa menos de 0,5% da população de Minas Gerais – que foi estimada em cerca de 21 milhões de pessoas no último índice do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015. A estatística indica para a SES uma baixa porcentagem de infecção da população, o que obrigaria, mesmo em caso de realização de testagem em massa, uma nova onda de testes no futuro para verificar a condição dos mineiros que testarem negativo para o novo coronavírus.
Conforme Amaral, os testes realizados na Fundação Ezequiel Dias (Funed), até o momento, apresentaram fatia próxima a 6,5% de resultados positivos. O quantitativo é considerado alto, mas justificado pelos critérios rigorosos para direcionamento do teste, que é indicado apenas para pacientes com quadro clínico já agravado.
Médicos cubanos
Questionado, o secretário adjunto de Saúde, Marcelo Cabral, tratou sobre a possibilidade de contratação de médicos cubanos para reforçar o sistema de saúde mineiro. Segundo Cabral, o estado está enfrentando problemas para encontrar médicos interessados em ingressar em instituições como a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), a qual abriu chamamentos públicos emergenciais tendo em vista o combate à pandemia. “Os valores pagos aos médicos, de modo estudado, eram abaixo daquilo que o mercado vinha oferecendo, e isso se retrata na procura. De toda forma, nós seguimos com os nossos editais e temos feitos contato com oferta e possibilidade de trabalhos voluntários”, afirma.
Com a dificuldade, uma alternativa seria a inclusão de profissionais cubanos em hospitais mineiros. Entretanto, segundo o secretário adjunto, ainda não foi feito nenhum comunicado oficial ao Governo de Minas Gerais possibilitando o chamamento dos médicos estrangeiros. “Observados os requisitos que são necessários para as atividades desses profissionais, não haveria nenhum problema em aceitá-los”, garante.
Pico adiantado para 8 de junho
Quanto à evolução da pandemia, conforme o secretário Carlos Eduardo Amaral, houve alteração na previsão de pico da transmissão em Minas Gerais em dois dias. Antes estimada para 10 de junho, agora a nova previsão é para o dia 8 do mesmo mês, quando o número de internações deverá ser inferior a três mil casos, segundo os estudos da pasta estadual.
As previsões são revisadas semanalmente de acordo com os dados epidemiológicos do momento em questão, a variação no engajamento da população no isolamento domiciliar retarda ou adianta o pico, conforme o secretário. “Nós temos que ter uma ideia prática de que a projeção não é estática. Nós trabalhamos com esse dia, mas toda mudança que acontecer nessas semanas que estão por vir, pode implicar em mudanças das projeções”, explica. “É fundamental que os mineiros entendam que nós temos que manter o isolamento e não podemos relaxar. Na visão da Secretaria, o que temos de melhor que tem conseguido evitar uma sobrecarga no sistema de saúde é o isolamento. Nós sabemos que isso gera dificuldade, mas é a melhor medida para evitar uma sobrecarga”, completa.
Fonte: Tribuna de Minas