As novas regras em vigor em Juiz de Fora restringem à comercialização produtos tidos como essenciais, como é o caso de alimentos, bebidas e de higiene
Alguns supermercados de Juiz de Fora já registraram queda nas vendas em razão do lockdown. Segundo gerências ouvidas pela Tribuna de Minas, a menor movimentação de clientes nos estabelecimentos foi percebida após publicação de novo decreto que regula os protocolos municipais do programa Juiz de Fora pela Vida às determinações da onda roxa do Minas Consciente, que passaram a vigorar no último dia 13. As novas regras estabelecem a comercialização de produtos tidos como essenciais, como é o caso de alimentos, bebidas e de higiene.
De acordo com o gerente de Marketing do Grupo Bahamas, João Paulo Rodrigues, as lojas tiveram redução de cerca de um terço no número de clientes em comparação com o mesmo período do ano passado, quando não havia restrição. Segundo ele, os produtos mais vendidos, neste período, têm sido aqueles que compõem a cesta básica, como leite e arroz, além de cortes de frango.
Rodrigues ressaltou que o Grupo Bahamas adota medidas do protocolo sanitário, a fim de resguardar a segurança de seus clientes e funcionários, como utilização de álcool gel na frente de loja, nos caixas e na entrada; tapete com cloro na entrada; limpeza dos carrinhos; controle de limite de entrada de clientes; uso de máscara obrigatório para todos e comunicação da necessidade das medidas de segurança pelos clientes durante suas compras, assim como distanciamento e higiene.
A assessoria de comunicação do Supermercado BH, no Bairro Manoel Honório, informou que não observou impacto nas vendas nas suas unidades.
Medo de desabastecimento
Já nos supermercados Pais e Filhos, o gerente Everaldo Rezende afirmou que ainda não tinha analisado relatórios de vendas do supermercado, mas que, visivelmente, dava para notar que os clientes estavam com carrinhos mais cheios de mercadorias. Segundo ele, os produtos da cesta básica são aqueles que têm mais saída, já que os consumidores estariam estocando, com receio de haver desabastecimento em razão do lockdown.
Sobre protocolos, Everaldo diz que o estabelecimento exige o uso de máscara, disponibiliza álcool em gel para clientes e funcionários e enfermeiros para medição de temperatura de clientes e funcionários, sendo que a medição dos trabalhadores ocorre duas vezes ao dia.
Consumidores notam menor movimentação
Na sexta-feira (19), a reportagem percorreu três unidades dos supermercados ouvidos pela Tribuna. No BH, observou que o número de clientes nos corredores do supermercado era menor, quando comparado com os dias anteriores ao decreto. No momento em que Tribuna esteve no local, não havia filas nos caixas. O consumidor que chegava, passava pelo medidor de temperatura, higienizava as mãos com álcool em gel e recebia uma ficha de controle de entrada.
“Deu para notar que o movimento está bem menor. Estive aqui na última segunda-feira e tinha mais gente. Acho que o pessoal ficou com medo de ter desabastecimento e correu para o mercado nos primeiros dias de lockdown, mas, depois, percebeu que, por enquanto, não precisa de correria. Fiz minhas compras com tranquilidade e não enfrentei fila”, contou a diarista, Jussara Neves, de 36 anos, moradora do Bairro Fábrica.
No Pais e Filhos, no Francisco Bernardino, também foi observada medição de temperatura e disponibilização de álcool em gel na entrada para os clientes. O supermercado também não apresentava filas nos caixas, quando a reportagem lá permaneceu. A dona de casa Francisca Chagas de Oliveira, 48, disse que era a primeira vez que tinha ido às compras depois que o lockdown havia sido decretado. “Esse mercado costuma ficar cheio quando vai chegando o fim de semana, mas, hoje, estou surpresa, porque não tem aglomeração, pelo menos agora. Fiz o pagamento sem demorar na fila.”
Na unidade do Bahamas, na Avenida Rio Branco, no Manoel Honório, a reportagem também constatou medição de temperatura e disponibilização de álcool em gel para os consumidores na entrada do estabelecimento. Nos caixas, os clientes não precisaram enfrentar filas numerosas. “Confesso que estou com medo de haver desabastecimento e, por isso, antecipei em um dia minha vinda ao mercado, porque costumo vir no fim de semana. Achei que a movimentação estava tranquila e passei rápido no caixa”, afirmou o auxiliar administrativo Bernardo Paulo da Silva, morador do Bairro Centenário. Todos os clientes entrevistados faziam o uso de máscara.
Na quinta-feira, no início da noite, a Tribuna esteve na unidade do Empório Bahamas, na Avenida Rio Branco, região central, onde o movimento de clientes era maior do que o percebido na sexta. Já nos supermercados Pais e Filhos, no Francisco Bernardino; e no BH, no Manoel Honório, o movimento era parecido com o que foi percebido na sexta.
Associações orientam cumprimento das medidas restritivas
A Associação Mineira de Supermercados (Amis) publicou uma nota em seu site orientando seus associados sobre a onda roxa do Minas Consciente. Conforme o texto, a Amis recomenda aos seus associados o cumprimento integral das restrições previstas, inclusive no tocante ao horário de funcionamento das lojas. “A entidade ratifica sobre as deliberações municipais, quando estas forem mais restritivas que as estaduais”, orienta.
Também por meio de nota, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) pontuou que o setor supermercadista atua de maneira responsável, cumprindo sua missão de garantir o abastecimento da população de forma ininterrupta, com elevado nível de segurança e adoção dos protocolos necessários que inibem a proliferação do coronavírus.
Conforme a Abras, o setor redobrou a atenção na utilização de máscaras, execução de limpeza constante das mãos e dos estabelecimentos, higienização com o uso de álcool gel 70% e implementação de regras de contenção de aglomerações. “Para suporte de tais medidas, contratamos mais colaboradores, o que inclusive permitiu que aqueles funcionários do grupo de risco fossem, preventivamente, afastados dos ambientes de trabalho, sem perda de suas garantias trabalhistas. Seguimos as mais rigorosas recomendações dos órgãos sanitários que asseguraram índices baixíssimos de contaminação e que deram ao consumidor tranquilidade para frequentar nossas lojas”, afirmou a nota.
Preocupação
Neste contexto, a Abras pontua que “tem visto, com preocupação, a adoção de medidas restritivas praticadas por municípios e governos estaduais ao estabelecerem restrições de funcionamento ou até mesmo o fechamento de supermercados, o que gravemente vem desconstruindo este importante trabalho realizado pelo setor supermercadista, sem levar em consideração as necessidades básicas da população”.
Ainda conforme a Abras, “estas imposições restritivas ou de fechamento de supermercados revelam-se muito preocupantes na medida em que têm potencial para desencadear um risco real de desabastecimento da população, por coibir seu acesso às atividades essenciais, além de seus deletérios efeitos sociais”.
A Associação Brasileira de Supermercados ressalta que o setor supermercadista congrega, no território nacional, mais de 90 mil lojas físicas, que compreendem 85% do abastecimento nos lares brasileiros, com mais de 28 milhões de visitações por dia. “Desta forma, é nosso dever alertar, responsavelmente, que não há capacidade de atendimento em delivery para este volume de vendas”, ressalta.
Regras do Minas Consciente
Segundo o programa Minas Consciente, está permitido o funcionamento, das 5h às 20h, de portas abertas, das atividades de hipermercados, supermercados, mercados, açougues, peixarias, hortifrutigranjeiros, padarias, quitandas, centros de abastecimento de alimentos, lojas de conveniência, lanchonetes, de água mineral e de alimentos para animais. Está proibido o consumo interno nos estabelecimentos; a circulação de pessoas sem o uso de máscara de proteção, em qualquer espaço público ou de uso coletivo, ainda que privado; e circulação de pessoas com sintomas gripais, exceto para a realização ou acompanhamento de consultas ou realização de exames médico-hospitalares.
Conforme a Prefeitura de Juiz de Fora, a Fiscalização pela Vida verificará o cumprimento da legislação e o respeito aos protocolos, aplicando as penalidades previstas. A autuação se dá de forma conjunta com os fiscais de posturas, dos guardas municipais, dos agentes de transporte e trânsito, do Procon e da Polícia Militar.
Fonte: Tribuna de Minas